Conexões Submarinas de Energia Renovável Ganham Destaque no Oriente Médio

A transição energética no setor de energia foi destaque na conferência Middle East Energy, realizada em Dubai na última semana. A região busca aproveitar seus recursos renováveis em expansão para manter sua posição como líder na exportação de energia, com foco na exportação de eletricidade limpa para países que precisam atingir metas climáticas.

Embora as tecnologias estejam comprovadas, participantes do evento destacaram que os mercados ainda não estão prontos. Para avançar, será necessário fortalecer as conexões regionais de redes elétricas e criar mecanismos de mercado eficientes.

Entre os projetos em discussão, dois de cabos submarinos chamaram a atenção. A Abu Dhabi National Oil Company (Adnoc) está desenvolvendo, em parceria com a Abu Dhabi National Energy Company (Taqa), um sistema de transmissão submarino de alta tensão (HVDC) que conectará a rede elétrica terrestre a plataformas offshore. O projeto de US$ 3,8 bilhões deve começar a operar ainda este ano, reduzindo mais de 30% das emissões das operações da Adnoc.

Outro projeto importante é o Xlinks, que planeja conectar o Marrocos ao Reino Unido por meio do maior sistema HVDC do mundo, com 4.000 km de cabos submarinos. A iniciativa fornecerá energia limpa ao Reino Unido a partir de uma instalação de energia solar, eólica e de baterias no Marrocos, com operação prevista para a década de 2030.

Além disso, outras conexões de longa distância estão sendo exploradas, como um link entre Arábia Saudita e Índia. Um projeto de interconexão entre Egito e Arábia Saudita, que permitirá a troca de até 3 GW de energia, deve começar a operar este ano, enquanto planos para conexões adicionais no Mediterrâneo estão em andamento, incluindo Egito-Cipre-Grécia.

O avanço das energias renováveis na região é significativo. A expansão de energia solar e nuclear nos Emirados Árabes Unidos elevou a participação de fontes de baixa emissão para 35% da geração total em 2022. Já a Arábia Saudita pretende alcançar 50% de sua energia a partir de renováveis até 2030, com uma capacidade esperada de 130 GW.

Apesar dos avanços, especialistas apontam a necessidade de criar um mercado regional de energia mais integrado. Atualmente, o comércio de eletricidade entre os países do Conselho de Cooperação do Golfo (GCC) é limitado e não segue uma base de mercado, restringindo o potencial da região em exportar energia renovável para outras partes do mundo.

Com investimentos em redes, mercados e tecnologias, os países do Golfo poderão se consolidar como exportadores de energia limpa, alinhando-se aos objetivos de sustentabilidade e diversificação econômica.