Vice-Presidente do BCE alerta para riscos financeiros em cenário de alta incerteza

O Vice-Presidente do Banco Central Europeu (BCE) destacou os riscos crescentes à estabilidade financeira em um contexto de incerteza excepcional durante o Fórum de Executivos-Chefes da Federação Internacional de Contadores. Segundo ele, a conjuntura atual é marcada por mudanças significativas na geopolítica, no comércio global e nas políticas econômicas, além de uma demanda sem precedentes por investimentos em defesa na União Europeia (UE).

Indicadores mostram que a incerteza econômica na zona do euro está mais de três vezes acima da média histórica, enquanto a incerteza comercial é oito vezes maior. Em resposta a esse cenário, o BCE reduziu recentemente a taxa de depósito para 2,5%, visando sustentar a trajetória de desinflação. A inflação geral caiu para 2,2% em março, e os dados apontam para uma desaceleração no crescimento salarial, contribuindo para a redução gradual da inflação no setor de serviços.

Apesar disso, desafios persistem. Tensões comerciais e geopolíticas podem elevar a inflação devido ao aumento nos custos de importação, enquanto incertezas internas e externas prejudicam o crescimento econômico e os investimentos. O BCE prevê taxas de crescimento de 0,9% para 2025, 1,2% para 2026 e 1,3% para 2027, refletindo dificuldades no setor exportador e na competitividade.

O setor financeiro também apresenta vulnerabilidades. Embora os bancos estejam em boa forma, os mercados financeiros enfrentam riscos de correções abruptas, especialmente para intermediários financeiros não bancários expostos a ativos de maior risco. Além disso, a dívida soberana emerge como uma preocupação, dada a necessidade de maior investimento em defesa e a pressão sobre as finanças públicas na Europa.

O contexto exige que os intermediários financeiros aprimorem suas ferramentas de gestão de risco, enquanto o BCE adota uma abordagem cautelosa e dependente de dados para ajustar sua política monetária. O Vice-Presidente frisou a importância de fortalecer a União Econômica e Monetária, investindo em um mercado único mais robusto e completo, incluindo uma união bancária e de mercados de capitais.