IA pode revolucionar economia europeia, diz presidente do BCE

A presidente do Banco Central Europeu (BCE) destacou em conferência realizada em Frankfurt que a inteligência artificial (IA) tem o potencial de transformar a economia global, mas alertou para os desafios que a Europa enfrenta para liderar essa revolução tecnológica. Segundo ela, o continente ainda sofre as consequências de não ter aproveitado plenamente a última grande onda digital, a internet, e corre o risco de repetir o erro com a IA.

A IA já demonstra impacto na produtividade em setores como o de tecnologia nos Estados Unidos, onde a produção cresce mesmo com quedas no emprego. Estimativas indicam que, se amplamente adotada, a IA poderia aumentar a produtividade na zona do euro em até 1,5 pontos percentuais ao ano na próxima década. No entanto, a líder do BCE alertou que isso depende de melhorias no ambiente de inovação, financiamento e infraestrutura energética na Europa.

Entre os principais obstáculos, estão o baixo investimento em capital de risco comparado aos Estados Unidos, a falta de centros de dados e as barreiras regulatórias. Além disso, o aumento no consumo de energia, impulsionado pela IA e pela transição verde, pode dificultar a expansão da tecnologia no continente.

A presidente também abordou o impacto da IA no mercado de trabalho, indicando que entre 23% e 29% dos trabalhadores europeus estão altamente expostos ao uso da tecnologia. Embora a IA possa criar novos empregos, ela também pode aumentar a desigualdade, beneficiando desproporcionalmente trabalhadores altamente qualificados. Para mitigar esses efeitos, ela defendeu investimentos em educação e capacitação, especialmente em habilidades de gestão e negócios.

Por fim, a líder do BCE reforçou a necessidade de a Europa abraçar a revolução da IA, removendo os obstáculos à sua adoção e se preparando para os impactos sociais e climáticos dessa transformação.