Startup de Geoengenharia Atrai Investigação da EPA nos EUA

Uma startup chamada Make Sunsets, formada por dois empreendedores do Vale do Silício, está enfrentando investigação da Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA) por suas práticas de geoengenharia. A empresa utiliza balões meteorológicos preenchidos com gás hidrogênio e partículas de dióxido de enxofre, que são liberados na atmosfera ao atingir altitudes superiores a 20 quilômetros. O objetivo é espalhar o dióxido de enxofre para refletir a luz solar e reduzir o aquecimento global.

A empresa vende "créditos de resfriamento" com base na estimativa de quanto aquecimento é mitigado por cada lançamento de balão. Segundo a startup, eles arrecadaram US$ 750 mil de investidores como Boost VC, Draper Associates e Pioneer Fund. No entanto, nenhum dos fundadores possui formação científica, apesar de a ciência por trás do uso de dióxido de enxofre para refletividade solar ser amplamente aceita.

A prática, no entanto, tem gerado controvérsia. Cientistas alertam que a manipulação do clima global pode desencadear efeitos inesperados, como alterações nos padrões de chuva que podem beneficiar algumas regiões enquanto prejudicam outras. Além disso, partículas de dióxido de enxofre que se aproximam do solo podem agravar problemas respiratórios, como asma.

A EPA questiona a legalidade da abordagem da Make Sunsets, uma vez que o dióxido de enxofre é regulado como poluente atmosférico. A empresa, por outro lado, afirma que suas ações estão em conformidade com a Lei de Modificação Climática de 1976 e que reporta suas atividades anualmente à Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA). No entanto, especialistas apontam que a legislação, criada originalmente para práticas como a semeadura de nuvens, pode não se aplicar claramente a iniciativas de modificação climática em larga escala.

Apesar da investigação da EPA, a quantidade de dióxido de enxofre liberada pela Make Sunsets é insignificante quando comparada às emissões de plantas de energia nos EUA, particularmente as movidas a carvão. Enquanto um balão da startup libera cerca de 1.715 gramas de dióxido de enxofre, usinas de energia emitiram 650 mil toneladas do poluente somente em 2023.